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Apadrinhar é fortalecer um irmão para conduzi-lo no caminho de oportunidade e dignidade

Na décima terceira live da série ‘Apadrinhar é amar!’, a madrinha Júlia Cunha nos contagia com a alegria em poder servir e contribuir com o crescimento de cada acolhido dos projetos

Por Karla Silva – estagiária de comunicação FSF

A mineira, madrinha, multiplicadora e voluntária da Fraternidade sem Fronteiras (FSF), Júlia Cunha, conheceu a Organização Humanitária em um congresso médico espírita realizado em Belo Horizonte – MG em 2016.

“Eu nunca tinha ouvido falar na Fraternidade sem Fronteiras. Me sentei na segunda fileira, as pessoas foram entrando e entraram três moçambicanos e se sentaram na minha frente. Só que eu não sabia de nada. Eu sabia que eram africanos, mas eu não sabia dizer de onde e imediatamente eu comecei a chorar, eu me emocionei. Eu me lembro que o Andrei Moreira (Diretor de Relações Públicas da FSF), o Wagner (Wagner Moura Gomes – Fundador-presidente da FSF), o Divaldo Franco e a  Dorita falaram. E eles falavam e eu chorava. Foi emocionante, foi tocante”, revela.

Nesse momento, Júlia apadrinhou uma criança do projeto Acolher Moçambique. Na época, era possível apadrinhar uma criança. Contudo, com a necessidade de acolher mais crianças, nasceram os projetos e a possibilidade de transformar mais vidas. 

Mas, a trajetória de Júlia e os caminhos da FSF cruzaram-se por meio de uma camiseta do Sonhar sem Fronteiras (uma iniciativa de voluntários que oferece aulas de inglês e informática para jovens do projeto Acolher Moçambique da FSF). Ao adquirir a camiseta, Júlia entrou num grupo no aplicativo WhatsApp. “Eu entrei no grupo e fiquei calada porque eu estou chegando agora, né? Daí a Fernanda Moreira (coordenadora da iniciativa de voluntários Teaching Without Borders) entra no grupo e pergunta: ‘alguém quer ser voluntário para dar aulas de inglês?’; e eu disse: eu quero! E entrei num grupo de WhatsApp sem pretensão. Na realidade eu queria ajudar de alguma forma e divulgar”, sorri. E um sorriso largo de quem está preenchida de bons sentimentos e de muita solidariedade para doar-se. 

A proposta era dar aulas de inglês on-line para as crianças do orfanato Chemin du Futur, que leva educação e afeto para meninos órfãos na região de Dakar, capital do Senegal. Concomitante a isso, Júlia também se voluntariou ao Sonhar sem Fronteiras para dar aulas de inglês para as crianças em Moçambique – África.

“São dois projetos que eu gosto muito, Moçambique e Senegal. Nós estamos a mais de um ano com os meninos e é impressionante como a gente vê o desenvolvimento deles, de uma maneira geral. A gente se encontra uma hora por semana e nós só temos elogios a eles do tanto que eles desenvolvem. Eles se esforçam, eles querem aprender”, orgulha-se.

Olhando para trás, Júlia se surpreende com o caminho percorrido até aqui. Mas é aquela surpresa boa, aquela que faz brotar um sorriso fácil. “Quando eu entrei na Fraternidade sem Fronteiras como madrinha, a minha intenção era só apadrinhar. Eu jamais imaginei que eu tivesse dentro de um projeto dessa forma, de qualquer projeto”.

Em setembro, o projeto comemorou 10 anos. Criado em 2011 por Edmilson dos Santos Neto, tenente aposentado do Corpo de Bombeiros Militar com o objetivo de tirar das ruas, proporcionar condições dignas de vida e preparar os meninos, vítimas do fenômeno da vertente islâmica talibé, para a universidade e mercado de trabalho.

Hoje, como professora de inglês dos acolhidos do Chemin du Futur, Júlia acompanha mais de perto a importância do projeto na vida de cada menino:  Eu nunca tinha ouvido falar, antes de conversar com o Edmilson, do fenômeno talibé lá no Senegal. Mais de cem mil crianças de rua somente em Dakar (Senegal) em sistema de escravidão. O Chemin é a vida delas. Resgatar essas crianças é a chance que elas estão tendo de ter um futuro melhor, uma profissão. É muito importante o apadrinhamento para dar continuidade e para a gente poder resgatar mais crianças, tirar mais crianças das ruas”.

Em uma década de projeto, 44 meninos, entre seis e 18 anos, passaram pela casa de acolhimento do Chemin du Futur. Atualmente, 25 estão sendo acompanhados até completarem a maioridade. Este ano, pela primeira vez, um dos acolhidos ingressou no ensino médio senegalês, o que deixa Júlia extremamente feliz. Madrinha do projeto Chemin du Futur, ela percebe nitidamente a importância do apadrinhamento: “Nós tivemos nosso primeiro aluno que ingressou no ensino médio. Ele fez o exame nacional e foi aprovado. Isso para a gente é uma alegria! A nossa esperança é daqui há três anos ele ir para a Universidade e, depois, vermos que ele está concluindo o curso dele.”

Além das aulas de inglês, os meninos do Chemin du Futur agora querem aprender a falar português. A troca de conhecimento, cultura, comidas comuns aos dois países,  aguça a curiosidade dos alunos e da professora, que  a cada encontro aprofundam os laços de afeto. A conexão fraterna que há entre eles, transparece em Júlia a gratidão por contribuir com o aprendizado, evolução e crescimento de cada um dos alunos.

Além do Chemin du Futur, Júlia também é madrinha do projeto Ação Madagascar: “São dois projetos que me tocaram muito. É impossível você não se sentir tocado quando vê aquelas imagens de Madagascar. A extrema fome, a extrema miséria. As pessoas em pele e osso recebem alimentação aos poucos porque o organismo já não sustenta mais alimentação sólida. Eu fiquei muito tocada por esse projeto”. 

A ilha de Madagascar vive uma das piores crises humanitárias do mundo. A FSF, por meio da contribuição de padrinhos, voluntários e apoiadores, construiu a Cidade da Fraternidade, onde vivem 100 famílias. Na região, são acolhidas mais de 3 mil crianças, que recebem alimentação, água limpa,  orientação de higiene básica e tratamento nutricional.  Atualmente 357 foram matriculadas na escola pela equipe FSF, que disponibiliza reforço escolar e distribui periodicamente materiais escolares. 

“O que me motiva a continuar nesse projeto é ver os avanços, as histórias que são contadas de crianças que iam morrer e foram salvas por causa de comida. Antes não havia alimento e passaram a ter o alimento. Ouvir o Wagner falando de crianças que comiam cactos… Eu achei isso chocante! E agora ver que eles têm acesso a um refeitório que foi ampliado para 800 crianças,  e que têm galões com água potável. Eles não tinham dinheiro para comprar água. Eles tinham que vender o bode para comprar água e agora eles têm acesso a isso. Isso me motiva a ficar firme nesse projeto”.

Com a contribuição de R$ 50 é possível assegurar a continuidade do trabalho de acolhimento dos 10 projetos da Organização. A oportunidade de expansão dos projetos, o que significa atender mais acolhidos, só é possível por meio da magia que acontece dentro do coração de cada pessoa que se deixa tocar por todas as histórias contadas e decide apadrinhar. 

“É através do apadrinhamento que nós estamos acolhendo as pessoas. Com o apadrinhamento eu tiro mais uma criança das ruas de Dakar, com o apadrinhamento, outra criança entra no projeto em Moçambique. Com sete apadrinhamentos acolho uma criança na Nação Ubuntu, no Malawi. Com um apadrinhamento, acolho uma criança com Epidermólise Bolhosa (projeto Jardim das Borboletas). O coração da Fraternidade sem Fronteiras são os apadrinhamentos”, destaca.

Júlia ainda não viajou em caravana com a FSF para ver de pertinho o dia a dia dos projetos que apadrinha, mas em 2013, nossa madrinha teve a oportunidade de ficar um mês no Quênia, país da África Oriental, e realizar um trabalho voluntário com o apoio de uma Organização não-governamental. Às sextas-feiras, Júlia atuava em uma escola primária dando aulas de 45 minutos para as crianças. Ao descrever esse momento, um sorriso largo estampa o rosto. Essa experiência já encheu o coração dela de gratidão e aumentou a expectativa do que está por vir ao retornar à África com a Fraternidade sem Fronteiras.

“Eu acho que qualquer viagem que eu fizer com a Fraternidade sem Fronteiras vai ser uma experiência mais intensa. Será com brasileiros, pessoas que pensam como eu, nós temos o mesmo propósito, iremos todos como madrinhas e padrinhos”.

Para ela, apadrinhar é estender a mão para nossos irmãos. É um gesto de caridade, mas muito mais deles para com os padrinhos do que ao contrário. É uma chance de aprendizado e reflexão.

“Você vê pessoas que estão passando por situações que você nunca vai passar. Elas não reclamam, elas estão resignadas e em todas as fotos que a gente vê, as pessoas estão sorrindo, mesmo onde há muita dor, a gente consegue levar um pouquinho de esperança e isso traz alegria para a gente. A Fraternidade vai ser sempre uma escola para a gente. Todos os dias eu aprendo com os meus alunos, seja de Moçambique, seja do Senegal e agora nós começamos com uma turma em Madagascar. O desejo deles de aprender é impressionante”.

Na escola da Fraternidade, Júlia aprende com a história de vida dos seus alunos. Inspira-se no esforço de cada um e, ainda que distantes geograficamente, estende as mãos para caminhar junto. Estender as mãos para tirá-los de um lugar sem esperança e sem cor e levá-los para a outra ponta: um lugar onde há oportunidade, educação, trabalho e condições dignas de existência, pois todos somos igualmente importantes.

“Quando a gente apadrinha nosso coração aquece em ver que mais uma pessoa vai ter acesso ao projeto. O apadrinhamento salva uma vida e transforma vidas! A Fraternidade veio para mudar as nossas vidas, os nossos pontos de vista, para expandir a nossa visão, para quebrarmos nossas barreiras e sermos seres sem fronteiras e acolhermos o outro como nosso irmão. Vamos apadrinhar, vamos divulgar, falar sobre a Fraternidade para que possamos auxiliar mais pessoas”, finaliza.

Assista a live na íntegra clicando aqui. As lives são transmitidas pelo Instagram da FSF, às quartas-feiras, às 19h (horário de Brasília), com o objetivo de reforçar a importância do apadrinhamento. Além disso, são uma oportunidade para apresentar os padrinhos e madrinhas que mantêm os projetos da Organização. Para mais informações, entre em contato com a equipe de relacionamento pelo telefone (67) 4003-5538 e faça parte dessa grande família fraterna.

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Emanuel Pizarro

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