A ação é feita em conjunto a ONG Refúgio 343, que já interiorizou mais de 80 famílias venezuelanas em sete estados do Brasil
Por Giovanna Percio/Estagiária e Marcele Aroca Camy
A Organização Humanitária Fraternidade Sem Fronteiras (FSF), em parceria com o Refúgio 343, incentiva o cadastro de pessoas dispostas a acolher imigrantes venezuelanos por meio do projeto da FSF, “Brasil, um coração que acolhe”. O objetivo da ação é interiorizar, ou seja deslocar de forma planejada imigrantes com intuito de reinserção socioeconômica, nos próximos meses, pelo menos 50 famílias que aguardam o processo em abrigos da FSF em Boa Vista/RR.
O “acolhedor”, termo escolhido pelo projeto para se referir aos voluntários que se disponibilizam a receber e a se responsabilizar por um ou mais imigrante, deve cumprir alguns requisitos que o torne apto a ser inserido na lista, como: ter um planejamento financeiro que possibilite nos três primeiros meses, assumir os custos totais dessa família – incluindo água, luz, alimentação e aluguel. E depois desse período, contribuir apenas com o aluguel até o sexto mês. Além disso, é necessário ter uma equipe de apoio de voluntários disponível para auxiliar em questões como idioma, emprego, matrícula no Sistema Único de Saúde (SUS), e em caso de crianças, na escola.’
Refúgio 343 – Interiorização dos refugiados
O presidente e fundador da Organização Refúgio 343, Fernando Rangel, explica o caminho de atuação na interiorização desses imigrantes: “Uma vez que o acolhedor demonstra interesse pelo site, nós do Refúgio e da FSF, buscamos uma família que esteja dentro das condições dessa pessoa, com suas particularidades. Depois disso, realizamos uma vídeo-chamada entre o acolhido e o possível acolhedor, e, se der tudo certo, o último passo é a assinatura dos papéis com deveres e responsabilidades de ambas as partes. Por fim, ficamos responsáveis pelo processo de logística do Centro de Acolhimento, em Roraima, até a cidade de residência do acolhedor”, detalha.
O processo de interiorização é a ferramenta que cria as melhores oportunidades de inserção dos imigrantes venezuelanos no Brasil, e por meio do projeto “Brasil, um coração que acolhe”, iniciado há dois anos pela FSF na fronteira entre Brasil e Venezuela, mais de 300 venezuelanos puderam recomeçar a vida em dez estados diferentes. A criação do Refúgio 343, de acordo Rangel, surgiu da valorização dessa etapa. “O Refúgio age em paralelo ao projeto da Fraternidade Sem Fronteiras para acelerar a interiorização dessas pessoas. Nós damos tanta importância a essa etapa que a transformamos em uma iniciativa a parte”, explica.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2020, o êxodo venezuelano deverá passar dos 4,6 milhões atuais para 6,5 milhões de pessoas. “O trabalho que estamos realizando é de estudo e aprendizado, porque essa é a primeira crise migratória que o Brasil enfrenta, e o país precisa aprender a fazer a recepção dessas pessoas”, enfatiza o fundador e presidente do Refúgio 343.
Cadastro de Acolhedor
O cadastro para se tornar um acolhedor está disponível no site da Fraternidade Sem Fronteiras (fraternidadesemfronteiras.org.br/projetos), junto ao manual de diretrizes do acolhedor, com as responsabilidades e deveres de ambas as partes. Além do cadastro, no mesmo endereço é possível fazer a doação avulsa ou apadrinhamento do Projeto, assim, ajudar na manutenção e logística dos centros de acolhimento.Além disso, quem se interessar pelo apadrinhamento (contribuição mensal, no valor mínimo de R$50) do projeto Brasil, um Coração que Acolhe, pode acessar: https://www.fraternidadesemfronteiras.org.br/portfolio/brasil-um-coracao-que-acolhe-3/.