Por: Ana Barbosa – jornalista voluntária
“Se os pais não levam os filhos para participarem de alguma ação voluntária é muito difícil que eles próprios se disponham a fazer alguma coisa”. Essa foi uma das preocupações na formação das quatro filhas adolescentes da voluntária da Fraternidade sem Fronteiras (FSF), Maristela Farias, sendo trigêmeas de 14 anos e outra de 16, que vivem em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Tal inquietação se estendeu ao grupo de Paz, da comunidade espírita que ela frequenta com a família. Ali, diversos temas que envolve a boa criação dos filhos são discutidos entre os participantes, que trocam conhecimentos e compartilham experiências positivas no contexto familiar e de ação social.
E assim, em uma das reuniões, a partir de um relato no grupo, surgiu a ideia de envolver os filhos na produção de cartões fraternos para serem entregues em praça pública para as pessoas que ali passassem. Em junho de 2019 aconteceu a primeira Mobilização para o Bem, batizada de MOB, feita voluntariamente por pais e filhos no intuito de levar positividade e afeto para pessoas desconhecidas. “A gente preparava os cartões muito singelos durante a semana, com frases do tipo ‘você é muito especial’, ‘nunca desista dos seus sonhos’, ‘acredite, tudo vai dar certo’. As crianças que não sabiam escrever faziam desenhos ou colavam adesivos e tirávamos um sábado a tarde para distribuir. A receptividade era uma coisa muito tocante, algumas pessoas choravam, pegavam o cartão e falavam ‘era isso que eu precisava ouvir hoje’. Tinha tanta afetividade que todo mundo saía feliz e era só energia boa”, relata Maristela.
Com a pandemia provocada pelo Covid-19, a entrega dos cartões na comunidade foi suspensa, no entanto, o grupo buscou uma maneira de agir e não ficar parado. Maristela soube, então, que estava programada uma ação em prol dos acolhidos do projeto Jardim das Borboletas, que atende crianças portadores de Epidermólise Bolhosa, uma patologia, ainda sem cura, do tecido conjuntivo que causa bolhas na pele e membranas mucosas.
Com essa informação, ela viu a oportunidade de retomar a produção dos cartões e convidou os voluntários da FSF e os do grupo que já participavam da entrega em praça pública para produzirem novos cartões nominais para os 70 acolhidos do projeto. A ação foi batizada de “Cartas ao Jardim”. “Foi muito interessante a adesão das pessoas, gente avisada por terceiros ficaram sabendo e começaram a me procurar se voluntariando para escrever os cartões. Então, houve uma nova configuração, porque inicialmente o foco eram as crianças e os adolescentes que faziam. E outras pessoas, jovens, adultos, senhoras começaram a se interessar e a participar também. Eu fico muito contente pela disposição de querer levar uma mensagem, e isso é muito simples”, comenta.
A recepção dos cartões fraternos no Jardim das Borboletas foi muito tocante para os envolvidos na ação, vários acolhidos fizeram questão de expressar a gratidão com recadinhos afetuosos. “Uma escreveu assim: ‘eu recebi e vou colocar num quadro’. Uma mãe escreveu: ‘Recebemos. Vocês não têm noção de como está linda essa cartinha. Fico tão feliz em saber que em algum lugar essa pessoa tirou um minuto do seu tempo para escrever para minha filha. Que essa pessoa tenha uma vida muito abençoada por Deus. Muito Obrigada pela carta’”, revela Maristela.
A recepção positiva das pessoas que receberam os cartões em praça pública e no Jardim das Borboletas incentivou o grupo a continuar espalhando amor e afeto em forma de cartões. E outra vez ao saber do projeto “Brasil, um coração que acolhe” desenvolvido pela FSF em prol dos imigrantes e refugiados venezuelanos que chegam a Boa Vista (RR), Maristela tratou logo de se envolver de alguma forma. “Eu pensei: tá aí um outro que a gente pode tentar fazer”.
O grupo produziu, então, aproximadamente 200 cartões para um dos dois centros de acolhimento aos refugiados. “Algumas pessoas escreveram em espanhol e as mensagens são no sentido de passar um carinho para esses refugiados como nossos irmãos, como iguais realmente, e uma palavra de acolhida, do tipo ‘seja bem-vindo! Aqui também é a sua casa’. Os cartões foram escritos especialmente para aquele refugiado, queremos que se sintam especiais, queremos que saibam que existe um olhar específico para ele. Essa é a intenção” relata a voluntária.
O intuito de escrever cartões fraternos para um grupo específico ou de maneira aleatória é um projeto que não tem prazo para vencer, Maristela pretende desenvolver e envolver a família e outros voluntários sempre que tiver oportunidade. “Uma coisa que aprendi é que a gente pode fazer pequenininho e ir juntando com outro pequenininho e isso vai ficando grande. Não precisa ser grande porque a gente nem dá conta de começar. O que importa é que vários corações estejam unidos na intenção de passar amor e que circule uma corrente do bem”, afirma.
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