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Palavras que transformam

Quando uma palavra dita sem pretensão instiga uma mãe, outras se juntam para respondê-la

Por Natália Olliver – Jornalista voluntária FSF

 

Mãe, qual o seu propósito de vida? Essas foram as palavras ditas pela pequena Bia, em 2015, antes de uma palestra na escola. A pergunta retórica, pronta e objetiva: ”o meu é ajudar as pessoas” saiu tão natural quanto o abrir dos olhos. Mesmo com pouca idade, 9 na época, Bia intrigou a mãe com o nível profundo da pergunta. O questionamento feito pela filha despertou na mãe, Gisele Olivera (46), a vontade em descobrir a resposta. Uma palavra muda uma vida, um olhar muda uma história e uma iniciativa muda tudo! É assim que a narrativa começa. 

A professora de dança e artes não conseguiu ignorar a pergunta, refletiu e resolveu convidar a nova amiga, Vera Queiroz (48), mãe de Letícia, para uma ação beneficente. “Quer fazer uma campanha comigo?”, perguntou ela animada. O intuito era o propósito da filha: ajudar pessoas. Vera  logo embarcou na aventura e se mostrou entusiasmada com a ideia. Até que elas se deram conta que ainda não tinham de fato uma ação concreta. 

A aproximação das mães aconteceu em 2015 devido a amizade das filhas. Gisele e Vera matricularam as meninas na mesma escola católica no Rio de Janeiro, e gostavam de participar ativamente da vida escolar das filhas. Refletindo sobre a pergunta “qual seu propósito de vida “, elas tiveram uma ideia: fazer uma campanha de Natal! . Várias crianças e mães foram convidadas a participar. A ação era um conjunto de contos sobre a data festiva e o resultado não poderia ter sido mais surpreendente! O lucro foi destinado a cinco instituições do Rio de Janeiro e ajudou a transformar vidas.

Ao saborear o gosto do sucesso que os livros fizeram, todo esforço para produzí-los e vendê-los foi recompensado, visto que tudo foi feito de forma voluntária e orgânica.  A alegria foi tamanha que tanto as crianças quanto as mães quiseram repetir a ação. Mas dessa vez, elas queriam ultrapassar fronteiras, chegar mais longe e modificar ainda mais histórias. 

“As coisas conspiram para dar certo”. Um ano depois do livro de Natal, Vera foi convidada para assistir uma palestra da Fraternidade sem Fronteiras. Até esse momento ela não conhecia a ONG. Quem a convidou foi uma residente da pediatria, do hospital onde Vera trabalha. A jovem foi voluntária em um projeto da FSF na África e voltou enchendo os corações dos colegas com suas histórias. “Fui sem saber onde estava indo”, relata a médica. Por obra do destino, a coordenadora de um dos projetos da FSF, Clarissa Paz, estava na palestra e ficou sabendo do projeto inicial das mães. Não demorou muito para que ela conhecesse as crianças e apresentasse a ONG a todos. Foi paixão à primeira palavra. Ao todo 10 mães estavam envolvidas no novo projeto que mostraria que pequenas ações mudam futuros inteiros.

Capa do livro produzido pelos voluntários.

O novo livro dos voluntários nasceu em 2019, pesando 79 páginas e repleto de ensinamentos. Agora as crianças falam através de contos e desenhos sobre os preceitos da filosofia africana Ubuntu, que acredita em uma sociedade sustentada pelo respeito e pela solidariedade. Ela trata da importância das relações humanas, inclusive destacando-as em cada ser “humanidade para os outros”. O nome do novo projeto? “Eu sou porque nós somos”. O resultado? 500 exemplares vendidos. Uma vitória para  todas as crianças e mães envolvidas.  Com o lucro dos livros, mais de três famílias tiveram um lar no Campo de Refugiados de Dazleka, no Malawi/ África.

Priscila Wey (42), mãe apaixonada pelos filhos Bernardo e Cadú, também participantes do projeto, percebeu nitidamente que desenvolver a ação trouxe mais empatia e solidariedade às crianças. A dentista ressalta que o objetivo do livro é puramente ajudar. “Converso muito com meus filhos sobre a posição privilegiada que temos e como fazemos tão pouco. O Cadú foi muito impactado com a ação e percebeu como é possível ser feliz com pouco. Todos na casa participaram do projeto, foi a empresa do marido de Priscila que desenvolveu toda a parte gráfica e editorial do livro. Além da versão física, o conteúdo também está disponível em versão e-book e traduzido de forma simultânea para o inglês. “Queríamos mostrar a todos que somos uma coisa só”. Priscila relembra que todo o processo foi vivenciado pelas crianças de maneira natural, única e inspiradora “nós não interferimos no processo criativo, foi tudo bem natural”.

O projeto foi diretamente impactado pela pandemia de Covid-19 (Coronavírus). Como vender tantos livros sem o “cara a cara”? Como chegar ao coração das pessoas? Diante de tantas dificuldades, o grupo começou a sentir o cansaço. Nesses momentos as mãe se apoiavam e juntas animavam os filhos, lembrando sempre que não iriam desistir até que o último livro fosse vendido. “A gente começou e vamos até o final”, afirma Gisele ao grupo.

E mesmo em meio às inúmeras dificuldades no percurso, as mães acreditam que tudo conspira para que a venda de todos os exemplares aconteça. Para Gisele, a iniciativa foi um ânimo a mais em um ano tão complicado quanto o de 2020. Para Priscila, a pandemia é um sinal claro de que precisamos mais do que nunca estar unidos “precisamos nos unir independente das fronteiras”. 

“Eu acredito que existe muita gente boa no mundo, que quer fazer o bem mas não sabe como, e quando você quer fazer o bem os caminhos se abrem”, diz Vera e completa: “A resposta sempre vem, a gente só tem que saber enxergar.” Uma palavra muda uma vida, um olhar muda uma história e uma iniciativa muda tudo!

Se você se solidarizou com a história, adquira um exemplar “Eu sou porque nós somos. Disponível também em e-book, na Central de Presentes. Para fazer uma doação-presente, clique aqui.

Entre em contato com uma das mães voluntárias e faça parte dessa corrente. Todas as crianças participantes agradecem e as famílias acolhidas no Malawi também. Se preferir, mande um WhatsApp para Priscila (21) 98802-6106.

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Emanuel Pizarro

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