Num país em que mais de 50% das crianças não concluem o ensino básico, Mamy vê seu sonho de estudar realizado graças à união de voluntários
Por: Camila Silveira – estudante de jornalismo e voluntária FSF
O destino prepara encontros surpreendentes, sem ao menos pedir licença, inesperadamente pessoas entram em nosso caminho e transformam toda uma jornada. E foi dessa forma que a história de Arimila Barreto e da malgaxe Mamy se cruzaram, proporcionando uma aula de empatia e amizade.
Com o trabalho para mulheres malgaxes, Arimila é natural do Brasil, mas mudou-se para a região de Ambovombe, em Madagascar, abraçando para a vida o trabalho voluntário. Há mais de um ano, a fraterna voluntária desenvolve palestras, oficinas e cursos com mulheres acolhidas do projeto Ação Madagascar, e quando precisou de auxílio para a tradução dos conteúdos, Mamy foi contratada.
O destino não poderia ser mais assertivo! Mamy traz consigo tamanha sensibilidade e conexão com a cultura malgaxe que, além de trabalhar com a tradução, disponibilizou-se para produzir conteúdos que unissem acolhimento e costumes locais. “A Mamy se identificou com o trabalho da FSF em Ambovombe e se dedicou muito mais do que apenas traduzir, ela colocou as ideias e compreensões dela, o que fez o trabalho fluir com mais facilidade”, conta Arimila.
As duas voluntárias desenvolveram mais que o trabalho de acolhimento, à medida que a convivência de ambas ficava cada vez mais próxima, tornaram-se verdadeiras amigas. “Irmãs de coração”, como descreve Arimila. Acolher através das palavras, necessita de muita troca, e a proporção que aproximavam-se, Mamy dividia a vontade que movia sua alma, a busca por conhecimento. “O sonho dela é se graduar, ter a oportunidade de alcançar mais conhecimento, algo que ela busca constantemente” continua.
A fraterna voluntária não pensou duas vezes e moveu-se para auxiliar a amiga no sonho. A ação aconteceu através de uma ferramenta online, com o objetivo de arrecadar fundos para custear os estudos de Mamy, e em menos de um mês o valor arrecadado ultrapassou além do necessário para o curso universitário. “É como se meus próprios sonhos estivessem se realizando, afinal, ela é minha irmã e alegra muito o meu coração fazer um pouquinho pela felicidade dela”, conta Arimila. Essa corrente do bem não parou por aí, para proporcionar suporte aos estudos, Mamy também foi presenteada com um notebook e modem para internet.
A dura realidade malgaxe
Como em diferentes países ao longo da África, Madagascar também possui uma trajetória difícil na área da Educação. Nas aldeias do país não há escolas suficientes para a demanda de alunos e as que estão ativas necessitam de auxílio com mobília, giz, lousa e até reformas para melhores condições de salubridade. Em Ambovombe, por exemplo, as comunidades são rurais e a extrema pobreza invade a paisagem local. Desde muito novas, as crianças iniciam jornadas de trabalho em roças, devido a necessidade de auxiliar a família e não possuem condições de seguir adiante com os estudos, atualmente, mais de 50% das crianças não concluem o ensino básico, tornando a graduação quase uma utopia.
Através da união, essa realidade pouco a pouco é modificada, como o exemplo de Arimila e Mamy. Atualmente, Mamy está matriculada em Administração e realiza o curso à distância, o início foi em janeiro de 2021. “O incentivo das pessoas torcendo por ela trouxe ainda mais força para alcançar os objetivos e tocar o coração de mais mulheres, com o curso Habilidades para a Vida”, diz Armila. O curso que Mamy compartilha, inspirando mulheres, possui todo o conteúdo voltado para valorização da autoestima e das capacidades de cada mulher malgaxe, provando que o conhecimento é a base para qualquer mudança.
Voluntariado – Você também pode fazer a diferença na vida de muitas pessoas e espalhar amor! Para ser voluntário da Fraternidade sem Fronteiras, entre em contato pelo e-mail voluntarios@fraternidadesemfronteiras.org.br.
Para saber mais sobre o Ação Madagascar, projeto que a voluntária Arimila participou , clique aqui.