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Apadrinhar é a solidariedade em ação

Madrinha de vários projetos da FSF, Eliane Peres convida-nos a refletir sobre os direitos básicos de nossos irmãos

Por Karla Silva – Estagiária em comunicação da FSF

Elaine Perez junto aos acolhidos do projeto Acolher Moçambique

A décima primeira live pelo Instagram da FSF foi mais uma oportunidade para nos inspirar, aprender e emocionar com os depoimentos de padrinhos e madrinhas da Fraternidade sem Fronteiras. 

Desta vez, a jornalista e madrinha Eliane Peres – de São Paulo – dividiu sua história com a FSF. No final de 2017, ao acessar a internet para uma busca, deparou-se com um vídeo de depoimento de uma médica sobre a experiência em uma caravana para Moçambique/África.

“Foi uma avalanche de sentimentos. Ela contou sobre o povo que ela encontrou, do trabalho da Organização, das pessoas envolvidas, das atividades e aquilo foi me tocando. Mexeu muito comigo! Primeiro eu fiquei surpresa, depois fiquei encantada e depois fiquei fascinada pela grandiosidade da Organização”, relata.

Depois desse primeiro contato, Eliane acessou o site da FSF e viu informações sobre o II Encontro da Fraternidade sem Fronteiras em Campo Grande – MS em abril de 2018. 

“Eu não hesitei. Comprei a passagem, reservei o hotel e parti para Campo Grande. Eu não conhecia Mato Grosso do Sul. Quando eu vi aquela multidão com um propósito semelhante. Aquilo foi muito bom, uma alegria”.

Na oportunidade, Eliane conheceu os dez projetos da Fraternidade sem Fronteiras e decidiu apadrinhar os projetos Microcefalia, amor sem dimensões e Fraternidade na Rua em parceria com a Clínica da Alma.

“A microcefalia me bateu muito, porque a gente tinha as crianças que nasciam com microcefalia e tinha a médica brasileira (Adriana Melo, médica, pesquisadora e coordenadora do projeto) que inclusive foi convidada a trabalhar nos Estados Unidos e preferiu ficar no Brasil, em Campina Grande – PA, para atender as crianças. Eu fiz esses apadrinhamentos e fui apadrinhando, apoiava campanhas… Chegou um momento que eu já não sabia de quantos projetos eu era madrinha”, diverte-se.

Para nossa madrinha, apadrinhar ultrapassa o sentido financeiro. Apadrinhar é encher-se de energia. É ser e estar pleno. Em comunhão com algo maior.

“É um bem-estar, é uma felicidade poder ajudar, de você se doar. Eu me lembro que quando eu voltei da caravana da África as pessoas me diziam: mas eles devem ficar muito tristes quando vocês vão embora. Eu falei: não! Eles continuam felizes, continuam a vida deles. Quem fica triste é a gente. Quem recebe é a gente. É isso que eu queria passar para as pessoas, esse sentimento de doação, essa plenitude que a gente sente. É indescritível! Você apadrinhar, ver o projeto andar, você saber que você está sustentando uma causa”.

Com o apadrinhamento e a contribuição mensal de R$ 50 é possível assegurar a continuidade do trabalho de acolhimento dos 10 projetos da Organização. São muitos os desafios, são muitas pessoas precisando de esperança, oportunidade, um olhar, um gesto, uma palavra…

Essas necessidades fizeram com que Eliane apadrinhasse ainda os projetos Ação Madagascar e Nação Ubuntu/Malawi. “Eu sempre me interessei por essa questão dos refugiados. A questão é muito antiga, mas o termo refugiados foi criado depois da primeira guerra e esse campo em Dzaleka, foi criado para abrigar 10 mil pessoas e atualmente ultrapassa 52 mil pessoas vivendo aglomeradas em tendas de quatro metros onde aglomeram muitas famílias”, relata.

Ao lado do campo de refugiados, a Fraternidade sem Fronteiras está construindo a Nação Ubuntu com o objetivo de oferecer e vivenciar a filosofia africana: eu sou porque nós somos! E tão somente porque somos iguais, irmãos e temos direito às mesmas oportunidades de usufruir dos bens que nos são oferecidos, de condições dignas para recomeçar.

“Essa Nação já rendeu muitas sementes. Temos escola, que completou um ano em março, para crianças até cinco anos, temos oficina de carvão ecológico, oficina de costura, muitas atividades que foram criadas para atender outras pessoas. Todo mês chegam cerca de 500 refugiados no campo, por isso que vai aumentando esse campo de refugiados, que era para ser um local provisório e já dura 27 anos. É por isso que precisamos de madrinhas e padrinhos para dar continuidade, fazer crescer e dar continuidade ao Nação Ubuntu”, afirma.

Além dos projetos já citados, Eliane também é madrinha do projeto Jardim das Borboletas que atende crianças diagnosticadas com Epidermólise Bolhosa na ONG Jardim das Borboletas, em Caculé – BA. 

“Eu conheci a Alice no III Encontro FSF em Belo Horizonte – MG, em 2019. A gente estava lá no Mineirão, a distância da arquibancada muito longe do palco e eu estava observando uma garotinha loirinha de rabo de cavalo, braços cruzados, sentadinha e eu dizia: o que será que aquela criança está fazendo lá e de repente, quando deram a vez para aquela garotinha, ela veio ao microfone e se apresentou como Alice, portadora de uma doença rara de pele, Epidermólise Bolhosa e ela falou que ela sofria bullying e pediu para as pessoas que não fizessem bullying com as pessoas que tinham essa doença, e ela disse: porque isso faz muito mal pro nosso psicológico. Quando aquela garotinha disse essa frase, no estádio inteiro foi uma comoção muito grande. Quando chegou no intervalo, a primeira coisa que eu fiz foi ir à representação do Jardim das Borboletas e apadrinhei o projeto”.

A Epidermólise Bolhosa é uma doença de pele grave, rara, não contagiosa e incurável que deixa feridas muito sensíveis pelo corpo. O apadrinhamento proporciona uma melhor qualidade de vida para as crianças, uma vez que garante a compra dos medicamentos importados e de alto custo para o tratamento, além de roupas, alimentação e moradia.

“Esse nome lindo: Jardim das Borboletas é porque as crianças e portadoras são tão frágeis quanto as asas de uma borboleta. É um projeto maravilhoso”.

Além das emoções vivenciadas com as histórias de cada apadrinhamento, em 2019 nossa madrinha viveu outros momentos marcantes ao participar da Caravana para Moçambique e, recentemente, em julho de 2021, participou da Caravana Emergencial para Manaus – AM.

“Quando eu cheguei em Moçambique e comecei a viajar para o interior, para as aldeias e vi a carência, a pobreza, a miséria… Lá não tem nada, são aldeias distantes uma da outra, não chove, os rios estão secos… Não tem água. Ficam meses, às vezes anos, sem chover… Uma das iniciativas da FSF é perfurar poços, só que o solo é muito arenoso, muita pedra e de repente o maquinário quebra e é muito caro. Nas aldeias africanas, às vezes você precisa perfurar 100, 200 metros para encontrar água e antes disso o maquinário já quebrou, você já investiu dinheiro e daí? Tem que começar tudo do zero. Por isso as campanhas para a África para gerar renda para dar continuidade aos projetos”, explica.

A falta de água em Moçambique, por si só, machucou o coração de Eliane, mas ver as crianças brincando e, no intervalo das brincadeiras, beber a água turva da lavagem de louça das bacias, a entristeceu. Além de ver a falta de melhores condições para estudar, como mochilas improvisadas de papelão. 

“São coisas simples. Valores da nossa cultura ocidental, cultura capitalista, desse consumismo, de poder ter acesso e eles não têm nada, não têm uma mochila nova. Se não tem caravanas, se não tem campanhas, eles não podem nem trocar de roupa” 

Caravana de Manaus

Já ao ir para a Caravana em Manaus, segundo ela, foi atender a um chamado. Mesmo não sendo da área da saúde, Eliane integrou a equipe de apoio e ajudou fazendo a triagem e cadastro para atendimento. Ao atender uma migrante venezuela que chegou ao Brasil no dia 24 de dezembro de 2020, carregando a filha de 2 anos no colo, tocou profundamente o coração de nossa madrinha. 

“Uma pessoa que deixa o seu país, a sua família, o seu trabalho, seus amigos, é muito triste. Isso me toca muito. Eu queria muito prestar serviço e ajudar essas pessoas, por isso eu fui para Manaus”, emociona-se.

Eliane acredita que a solidariedade deve ser sinônimo de ação. Não podemos ficar parados. Se temos o sentimento de estender a mão, devemos ir e fazer acontecer. Onde Deus nos plantar. E deixa um convite para quem está pensando em fazer parte da família Fraternidade sem Fronteiras.

“Vá! Se você tem empatia, se você quer ajudar, se você deseja fazer alguma coisa pelo próximo, conheça, participe, divulgue, compartilhe. A Fraternidade é uma Organização sublime que vem com uma certificação de boas práticas de amor ao próximo. Porque amar a nossa família, os nossos amigos é muito fácil. Difícil é amar o próximo longe”.

E acrescenta que apadrinhar é amar e seguir um dos mandamentos dados por Deus.

“Apadrinhar é um ato de amor. Você está fazendo pelo outro aquilo que gostaríamos que fizessem por nós. Ponha-se no lugar do outro! Procurem apoiar essa causa humanitária. Sem o apoio, sem a contribuição de padrinhos e madrinhas fica difícil trabalhar. É muita gente, é muita fome, é muita miséria, é muita carência e muita carência de amor. As pessoas precisam se sentir amadas, precisam ser acolhidas, precisam ter as mesmas oportunidades que a gente tem”, finaliza.

Assista a live na íntegra clicando aqui. As lives são transmitidas pelo Instagram da FSF, às quartas-feiras, com o objetivo de reforçar a importância do apadrinhamento. Além disso, são uma oportunidade para apresentar os padrinhos e madrinhas que mantêm os projetos da Organização. Também quer participar? Entre em contato com um dos nossos canais de relacionamento.

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Emanuel Pizarro

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