Projeto Órfãos do Congo está com 22 acolhidos em Bukavu, cidade congolesa que tem mais de 15 mil crianças órfãs em situação de rua
Projeto da Fraternidade sem Fronteiras foi tema de transmissão ao vivo no último domingo
Por Taemã Oliveira, FSF
A transmissão ao vivo, do último domingo, do Espiritualidade sem Fronteiras Especial Congo, foi conduzida pelos voluntários da Fraternidade sem fronteiras (FSF), Edmar Pedroza e Maick Mutej, que também é coordenador do Projeto Órfãos do Congo, na República Democrática do Congo. As crianças do Projeto prepararam uma surpresa com dança, música e boas-vindas para quem acompanhava a live.
Em fevereiro foi a inauguração do primeiro Centro de Acolhimento da FSF na cidade ao leste do país, Bukavu, região mais atingida pelos conflitos armados de milícias. Hoje são 22 pessoas acolhidas, sendo cinco mulheres e 17 crianças, três delas bebês. Maick aproveitou a ocasião para mostrar o espaço físico que tem uma grande sala de convivência, quatro quartos e outros espaços.
“O sobrado é grande, mas precisa receber uma reforma para receber mais acolhimentos, para uma área de lazer para as crianças e para fazer oficinas de capacitação profissional para as mulheres”, explicou Edmar Pedroza. As oficinas fazem parte do planejamento de atividades para os próximos meses, assim como a garantia de educação para as crianças.
O Centro de Acolhimento tem como objetivo amparar crianças e adolescentes de até 18 anos e jovens mães grávidas, que além de moradia, recebem cuidados médicos, medicação, atendimento nutricional, suporte psicológico e segurança. Para os voluntários, a maior dificuldade segue sendo saber que mais de 15 mil crianças seguem em situação de rua no país. “Ainda é pequena a disponibilidade de recursos para acolher essas crianças e eu faço um convite para quem se interessar em ajudar, apadrinhe, é muito importante para a continuidade do projeto”, reforçou Edmar.
Crianças e adolescentes em situação de rua vivem em grande e constante sofrimento. São crianças que não sabem o que é uma cama, muitos deles já nasceram nas ruas. Muitos dos acolhidos, quando foram levados ao hospital, tinham vermes e outras doenças em função da condição de moradia e de vida; além dos casos de desnutrição.
Uma das jovens acolhidas gravou um depoimento no qual disse ter sido abandonada junto ao irmão, aos 5 anos de idade, pela mãe. Eles ficaram com a avó e quando ela faleceu, foram morar na rua. Hoje, aos 17 anos e em segurança, Guilene Marceline, disse “nunca tinha dormido em um colchão, mesmo quando vivia com minha avó. Nós usávamos folha de bananeira para deitar. Eu nunca tinha comido direito, tenho sabonete e hidratante. Só posso dizer que Deus abençoe e lhes dê uma vida longa para que vocês continuem nos ajudando”.
Emocionado, Edmar Pedroza disse que “é uma grande oportunidade que a Fraternidade está tendo de chegar ao leste do Congo, nessa região, para realizar esse trabalho” e Maick Mutej, que está ainda mais perto da realidade, concluiu que o que está sendo feito “é uma grande transformação de vida para quem vivia sem esperança. Obrigado à FSF pelos esforços”.
Sobre o Projeto Órfãos do Congo – desde novembro de 2021, Órfãos do Congo tem o objetivo de acolher crianças órfãs em situação de extrema vulnerabilidade pelas ruas da República Democrática do Congo, principalmente nas cidades de Bukavu e Goma. O projeto administra um centro de acolhimento para oferecer alimentação, moradia, educação, assistência médica e segurança para crianças órfãs, mães e gestantes das consequências de conflitos armados no país.