O jovem Antony Goméz, de 20 anos, andou 150 km para chegar em Boa Vista e hoje mora em um dos Centros de Acolhimento da Fraternidade sem Fronteiras
Por Taemã Oliveira, assessoria de comunicação FSF
A cena da foto se repete diariamente. Anthony Goméz, de 20 anos, é um jovem atleta venezuelano, agora na condição de refugiado que mora em um dos Centros de Acolhimento do Projeto Brasil, um coração que acolhe, da Organização humanitária e Não-governamental Fraternidade sem Fronteiras, em Boa Vista, Roraima. Em Boa Vista, o Projeto é parceiro da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e membro da Operação Acolhida, resposta do Brasil à crise humanitária venezuelana.
Ele anda para todos os lados com a bola, emprestada pelos militares que fazem a segurança do local. Onde ele vive, o Centro de Acolhimento 13 de Setembro, outros 500 venezuelanos também tentam a chance de uma vida melhor no Brasil.
Na Venezuela, no município de Anaco, estado de Anzoátegui, Antony nasceu, cresceu e começou a ser jogador da base de vários times. Mas não contava com o deslocamento forçado como consequência da crise econômica e política no país. “Na Venezuela as coisas estão duras demais. Eu jogava lá, mas acabou tudo. Decidi vir para cá em busca dessa oportunidade de jogar profissionalmente”, relembra o rapaz.
O trajeto até Boa Vista não foi fácil. Anthony veio com o primo. De Pacaraima, fronteira brasileira com a Venezuela, são 200 km. Eles conseguiram carona para apenas 60 km, os demais 140 km tiveram que fazer a pé. Fora o percurso de Anaco até Pacaraima, que também foi realizado à pé ao longo de vários dias. Já são 1 ano e 2 meses no Brasil, uma longa passagem pela rodoviária e 8 meses com a FSF.
Chama atenção a habilidade com o futebol do garoto. Os cabelos também atraem olhares e dizem muito sobre a ligação do jovem refugiado venezuelano com o futebol brasileiro. Neymar é ídolo. “Veio de baixo igual eu”, justifica ele. Anthony sonha com um futuro brilhante no futebol brasileiro, mas um passo de cada vez. Por enquanto joga a Copa Boa Vista de Futebol Amador pelo time Santa Luzia.
Por enquanto, o maior desafio é conseguir chuteiras do tamanho do pé dele, número 40. A doação que recebeu foi de uma chuteira número 39 e com ela, já fez muitos gols.
Tudo que ganha envia para a mãe e os dois irmãos que ficaram na Venezuela. Por isso também ainda não conseguiram sair do Centro de Acolhimento.