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Caravana da Espiritualidade: Transformação e Fraternidade em Moçambique

Por Veridiana Jordão – assessoria de imprensa FSF / Londres 

A Fraternidade sem Fronteiras realizou a primeira Caravana da Espiritualidade no mês de julho em Moçambique, na África. No total, foram 10 dias de caravana na Província de Gaza, nos Centros de Acolhimento em Muzumuia, Matuba e Barragem, no Distrito de Chokwè; Chimbembe, no Distrito de Guijá; e Hoyo Hoyo, no Distrito de Mabalane.

Segundo a Diretora de Voluntariado da FSF, Ângela Araújo, a Caravana da Espiritualidade no Projeto Acolher Moçambique teve como base algo mais imaterial, imperceptível aos olhos, mas sentindo no coração.


“As caravanas têm como objetivo principal proporcionar uma experiência transformadora, incentivando a fraternidade e permitindo que as pessoas se conectem com outras culturas. Ao mesmo tempo em que se transformam e desenvolvem sua humanidade, elas realizam ações que também mudam a vida dos outros, tanto de forma material — fornecendo recursos para acesso à água, alimentação e educação — quanto de maneira espiritual, onde o amor entre os povos, vivendo como irmãos em uma grande família universal, é o maior convite ao nosso aprendizado”, explicou Araújo.

A psicóloga Dominique Alves, 38 anos, reside na cidade de Sussex, no sudoeste da Inglaterra. Ela foi uma das voluntárias que participou da caravana da Espiritualidade. Para Dominique, a razão para participar da caravana deste ano surgiu com os recentes acontecimentos no Rio Grande do Sul. Ela decidiu visitar os Centros de Acolhimento pessoalmente, pois percebeu que, embora desejasse ajudar as pessoas, era necessário vivenciar outras realidades.

De acordo com Dominique, as caravanas oferecem a oportunidade de realizar diversas atividades que ajudam os jovens e crianças que frequentam os Centros de Acolhimento da FSF. “Eu lixei paredes, pintei muros, varri o chão. Dancei e cantei, ajudei a distribuir refeições, lavei pratos. Maquiei as crianças, pintei unhas e rostos. Organizamos doações por tamanho e idade, doamos roupas, brincamos, ensinamos e trocamos experiências. Foi uma experiência extraordinária. Tínhamos muitos objetivos, como preparar o centro de Barragem, plantar e organizar a biblioteca. Entendi que cada caravana tem seu propósito, tudo muito organizado, e você faz o que é necessário naquele momento”, contou Dominique.

Durante os 10 dias de imersão no país africano, Dominique teve a oportunidade de conhecer os jovens e crianças que são acolhidos pelo Projeto Acolher Moçambique. Entre tantos momentos marcantes, ela relata um que mais a impactou:

“Acredito que o que mais me marcou foi a visita a uma escola acolhida por esse lindo projeto em Hoyo Hoyo, que me fez repensar muitas coisas. Descobrir que as crianças se alimentam apenas uma vez ao dia e apenas três vezes por semana fez com que lágrimas caíssem dos meus olhos, lágrimas que eu não conseguia controlar, lágrimas que eu não sabia se eram de tristeza, raiva, injustiça ou frustração. De repente, fui acolhida e abraçada por algumas crianças sorridentes que me disseram: ‘Não fica triste, madrinha! Não tem motivo, você está aqui e hoje vamos comer'”, relatou Dominique.

A psicóloga também acrescentou como se sentiu ao acompanhar o dia a dia de milhares de jovens e crianças que frequentam os Centros de Acolhimento da FSF. “Eles não olham o lado ruim; eles veem as respostas de suas preces, veem esperança e agradecem. Ah, a gratidão! Ser grato é uma virtude. O olhar de gratidão daquelas crianças, felizes por comer em um prato que foi lavado com uma água que não estava limpa e com a mesma comida e comendo com a mão. Ver aquelas crianças sorridentes, sentadas no chão, sem protetor solar, sem repelente, sem chinelo, sem uma roupa nova, mas cheias de resiliência, amor, alegria, esperança, carinho e empatia, tudo isso te vira do avesso. Ver um povo com pouquíssimos recursos, mas tão resiliente, que espera sem reclamar, trabalha com o que tem e vai em busca de seus objetivos”.

Atualmente, a FSF possui diversos Centros de Acolhimento na África, com projetos que desenvolvem a sustentabilidade local, oferecem auxílio à educação e também à alimentação. As caravanas são organizadas para oferecer a oportunidade de as pessoas conhecerem de perto o trabalho realizado e também levarem mais suporte para os projetos da organização humanitária na região.


Segundo Dominique, participar da caravana foi algo transformador, e ela incentiva outras pessoas a contribuírem com os projetos. “Eu diria que participar de uma caravana da fraternidade mudou meu jeito de ver a vida e de encarar as dificuldades do dia a dia. Fui com a mala cheia de roupas para doar, achando que estava fazendo algo bom. Voltei com a mala vazia e com o coração transbordando de amor e sabedoria, algo que não se encontra em nenhuma prateleira. Para aceitar todas as emoções, na minha opinião, é preciso se abrir para o mundo e aceitar viver essa experiência e entender que você não irá nem conseguirá mudar o mundo, e tentar focar no bem que você conseguirá fazer, porque o sentimento de impotência bate muito forte”, explicou.

De acordo com o coordenador da FSF em Londres, Gilson Guimarães, a próxima Caravana será realizada no primeiro semestre de 2025 e terá como tema a Comunicação. Quem tiver interesse em participar e obter mais informações sobre o projeto pode entrar em contato pelo telefone: +44 7841 402336.

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