A ajuda humanitária que chega ao país, por meio de muitas mãos fraternas, é o que garante que centenas de pessoas tenham o que comer. Moçambique está entre 16 países correndo alto risco de apresentar níveis crescentes de fome aguda, diante de um cenário global apontando novos recordes nos níveis de insegurança alimentar aguda, de acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O número de pessoas que enfrentam uma crise ou emergência alimentar pode ter chegado a 1,7 milhão.
Essa realidade é transformada por meio do trabalho humanitário. A nossa união transforma a realidade da população local. Hoje, já estamos presentes em mais de 30 aldeias com nossos centros de acolhimento. A nossa missão é, além de fornecer alimentos e assistência, oferecer instrumentos para que os acolhidos ganhem autonomia e levem a missão fraterna mais longe.
Acolhemos crianças das aldeias moçambicanas que viviam na extrema miséria, a maioria delas órfãs de pais mortos pelo HIV.
Em ambiente de incentivo à vivência fraterna, recebem alimentação, cuidados com a saúde, orientação à higiene, participam de atividades pedagógicas, recreativas e culturais.
As crianças frequentam o centro de acolhimento em horário alternativo ao da escola. Muitas foram matriculadas, pela FSF, depois que entraram no projeto. Antes, precisavam trabalhar para conseguir se alimentar.
A dança e a música são fortes expressões da cultura africana. Nos centros de acolhimento, incentivamos a arte como fonte de alegria à vida. Crianças e jovens formam grupos, ensaiam coreografias, cantam e se apresentam, contagiando a todos em momentos de boas-vindas e confraternização.
Em 2022, Especiosa Marge, acolhida da FSF, tornou-se a primeira universitária formada do Projeto Acolher Moçambique. A jovem graduou-se em licenciatura em Biologia e Química.
Através do apadrinhamento de jovens universitários viabilizamos a universidade, garantindo inclusive, material didático, transporte, alimentação e moradia (em virtude de as universidades se localizarem longe das aldeias moçambicanas).
É uma caminho de construção de novos sonhos e de inspiração para outros jovens.
Nos centros de acolhimento, os jovens também participam de cursos de capacitação para o trabalho através do Sonhar sem Fronteiras, que profissionaliza e capacita acolhidos do projeto. Eles aprendem a cultivar a terra, a fazer artesanato com material local, corte e costura, batik (pintura em tecido) e outros. Assim, vão conquistando autoestima, confiantes em um bom futuro.
Com a ajuda de apoiadores, implantamos uma padaria no centro de acolhimento da aldeia Muzumuia. A iniciativa gerou trabalho para adultos, oportunidade de aprender um ofício para os jovens e a comunidade teve acesso ao pão, por menor valor e mais perto.
A FSF contrata trabalhadores locais para atender as tarefas do centro de acolhimento – cozinheiros, educadores sociais, auxiliares administrativos e outras funções. Algumas pessoas da comunidade são contratadas temporariamente para trabalhar em obras dos centros de acolhimento.
Muitos idosos das aldeias moçambicanas moram sozinhos e têm dificuldades para se locomover. Amparamos, construindo casinhas novas para eles e jovens, acolhidos pela FSF, levam alimentação aos vovôs e vovós que não conseguem andar.
Perfuramos poços artesianos profundos, vencendo camadas de rochas, para ofertar água limpa e em abundância à comunidade das aldeias. Mães com os filhinhos nas costas andavam quilômetros até a beira do rio seco, para cavar pocinhos e retirar dali alguns litros de água não potável e atender todas as necessidades da família.
A chegada da água permitiu o início do plantio agroecológico, visando a autossustentaçào alimentar do projeto. No centro de acolhimento de Muzumuia, o cultivo sustentável, em fase piloto, já dá os primeiros frutos e a colheita vai para os pratos das crianças. Jovens, filhos de agricultores, aprendem a produzir aproveitando s recursos da natureza, e as crianças participam de atividades de educação ambiental.
A Fraternidade sem Fronteiras organiza caravanas de padrinhos da causa, que custeiam as próprias despesas e vão à Moçambique, na África, conhecer o trabalho humanitário. São médicos, dentistas, educadores, artistas, profissionais liberais – voluntários que se unem para conhecer a realidade e ajudar nas tarefas de acolhimento às famílias.
Mantemos 24 centros de acolhimento nas aldeias de Moçambique localizados dentro de uma área que abrange 700 quilômetros, indo de Barragem, próximo a Maputo, a Chicualacuala, na fronteira com Zimbábue.
Na aldeia Muzumuia, implantamos a estrutura modelo para os centros de acolhimento. Tem cozinha, salas de aula, banheiros, padaria, salas para cursos profissionalizantes.
O objetivo é levar a mesma estrutura para todos os centros de acolhimento . Em algumas unidades, ainda precisamos de cozinhas, banheiros, salas, para oferecer condições adequadas aos trabalhadores e melhor acolher as crianças.
Na unidade modelo, em Muzumuia, são desenvolvidos projetos pilotos com a possibilidade de se estenderem para os demais centros de acolhimento.
Entre as ações de caráter piloto, de iniciativa de voluntários, estão curso de flauta, aulas de capoeira e ensino à distância.
A Iniciativa Alimentos Moçambique busca garantir a continuidade da alimentação de 14 mil acolhidos do projeto, até que o projeto atinja o máximo de sustentabilidade por meio das machambas (hortas).