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Vila Toby: nem sempre será possível curar, mas sempre será possível aliviar a dor

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As histórias que ouvimos sobre Vila Toby foram impactantes e nos fizeram querer ver de perto o que nos foi narrado. O que vimos, porém, foi mil vezes mais impactante do que poderíamos imaginar. O sentimento que prevalece até agora é o de que precisamos aprender a amar todos os dias um pouquinho mais. E é por esses e outros sentimentos que abraçamos mais essa iniciativa dentro da Ação Madagascar. Antes de te explicarmos (ou tentarmos) o que é a Vila Toby e o que ela significa, pedimos que abra seu coração e tente se imaginar caminhando por essas ruas e entre esses seres humanos que carregam o sofrimento em sua mais pura forma, no corpo e na mente.

No sul da ilha de Madagascar, em Ambovombe, está localizada a Vila Toby. No entorno de uma igreja, o local consegue conter dois sentimentos distintos, mas que caminham juntos: a dor e a esperança. Na região, deslocam-se pessoas com doenças crônicas e normalmente sem cura como esquizofrenia, câncer em estágio terminal, deficientes físicos, pessoas com sequelas de AVC, pessoas com epilepsia, portadores de déficit cognitivo (deficiente mental) e entre outras enfermidades. Lá, buscam por amparo espiritual enquanto aguentam as dores e enfrentam os desafios das doenças, já que não há recursos locais para prestar nenhuma assistência médica direcionada para o tratamento ou conforto dessas pessoas. 

Segundo a Doutora Janaíne Camargo, médica de família que está atendendo pela Fraternidade sem Fronteiras em Madagascar, famílias inteiras se deslocam para a Vila Toby construindo casas ao redor da igreja, como último recurso para a cura. “Famílias que estão desesperançosas vão para lá em busca do tratamento espiritual, que consiste em orar diversas vezes ao dia na igreja”, conta ela.

A médica visitou Vila Toby pela primeira vez em agosto deste ano quando desembarcou em Madagascar para a temporada de um ano que passará por lá. “A gente já tinha ouvido falar que existia uma comunidade com muitas pessoas que eram desenganadas pela medicina e que procuravam tratamento espiritual. Mas não sabíamos que não recebiam nenhum outro tipo de assistência. O cuidado em saúde deve integrar as dimensões física, emocional, social e espiritual. Aqui em Madagascar, as pessoas têm forte crença de que doenças provem de espíritos do mal e, quando não encontram tratamento médico, partem para esse vilarejo buscando ajuda. É uma questão cultural e um grande exemplo de esperança, mas não pode ser o único tipo de cuidado prestado”, explica Janaíne.

“O que me chamou mais a atenção foi a situação dos esquizofrênicos. Essa doença faz com que a pessoa perca a noção de realidade. Ela tem alucinações, percepções alteradas que fazem com que elas vivam um mundo à parte”, conta ela, que continua, “como as pessoas do vilarejo não tem acesso aos cuidados em saúde, não acreditam que exista uma perspectiva de tratamento para esses casos. A situação é agravada porque, quando não tratada, a doença pode deixar o portador agressivo e, por isso, os esquizofrênicos andam todos acorrentados. Vimos muitos amarrados a mastros”, compartilhou. “Embora a dimensão espiritual venha se mostrando muito importante no cuidado em saúde mental, uma doença como a esquizofrenia não pode ser tratada unicamente como uma doença espiritual. Isso limita as possibilidades de recuperação da pessoa e o exercício de sua dignidade”. 

O movimento de fraternidade sem fronteiras está chegando à vila Toby. Vamos organizar ali um trabalho de atenção à saúde com foco na saúde mental e cuidados paliativos. Nem sempre será possível curar, mas sempre será possível aliviar a dor. O tratamento psiquiátrico, por exemplo, incluindo a arte, medicações e a socialização como terapia, poderá tirar doentes do isolamento e oferecer dignidade no enfrentamento da doença. As famílias também serão mobilizadas para atuarem como agentes que doam e recebem cuidado. A comunidade da igreja trabalhará junto, integrando as diferentes dimensões do cuidado, incluindo a espiritualidade.
É um novo desafio humanitário, convidando corações dispostos a movimentar as potências da alma para servir a um mundo melhor.

Com essa iniciativa poderemos ajudar os doentes a possuírem uma qualidade de vida melhor. Ainda segundo a Dra. Janaíne muitos paralíticos não têm cadeiras de rodas nem para dar a eles uma certa independência. “Conheci uma moça de 23 anos que é paralitica e fica o dia deitada na mesma posição, por isso ela tem úlcera de pressão na pele. E isso é uma situação simples de se evitar ou resolver”, conta ela, que continua, “é por isso que queremos incentivar o cuidado”.

Em São Paulo no dia 20 de novembro, vamos nos reunir para apresentar a realidade do vilarejo e a proposta de trabalho da FSF. Contamos com a sua presença para conhecer mais essa causa de fraternidade.

20 NOV 2018
Holiday Inn Anhembi
Rua Professor Milton Rodrigues, 100. Parque Anhembi. São Paulo/SP. 02009.040
14h30 às 18h
Inscrição: R$ 25

 

Vila Toby e a Ação Madagascar contam com você!

  

Comentários

1 Comment to “ Vila Toby: nem sempre será possível curar, mas sempre será possível aliviar a dor”

  1. Delfina M Fernandes says :Responder

    Lendo a reportagem da Vila Toby fiquei pensando como seria bom ter um acompanhamento de tratamento espiritual para essas pessoas, muitas vezes a doença que se manifesta no corpo está vindo da alma (espirito), não deixando de lado a possibilidade de tratamento também com medicamentos é lógico, quando for o caso.

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